quarta-feira, 13 de julho de 2011

Gerir a ansidade

A ansiedade existe para nos proteger do perigo e pode ser reveladora de uma boa saúde mental, quando surge em doses adequadas e associada a situações que representem uma verdadeira ameaça à integridade física ou emocional das pessoas. Porém, é frequente sentirmos ansiedade em doses elevadas e em situações que não representam grandes ameaças. Nesses casos, a ansiedade não ajuda em nada, atrapalha muito ou até mesmo bloqueia a nossa capacidade de agir.
Além das diversas situações desencadeadoras de ansiedade que afectam a maioria das pessoas, os portadores de DII lidam, muitas vezes, com situações adicionais, encontrando-se as mais frequentes associadas a:

- Medo da evolução da doença;
- Medo da dor;
- Medo de ingerir algo prejudicial;
- Medo dos efeitos secundarios da medicação;
- Medo de falhar;
- Medo da incompreensão dos outros;
- Medo da rejeição social.

Os momentos de convívio com amigos ou familiares (festas, idas a espectáculos, refeições fora de casa, saídas nocturnas, idas à praia, piqueniques, viagens, etc) e as situações de exposição social (apresentação de trabalhos, entrevistas de emprego, uma aula de condução, discursos, etc), carregam geralmente alguma dose adicional de ansiedade associada ao pensamento "e se eu me sentir mal?". 

O nível de ansiedade causado por estas situações, vai depender das estratégias que cada um desenvolve para aceitar e lidar com os problemas. Na prática, acabamos por perceber que o nível de ansiedade é directamente proporcional à probabilidade de ter sintomas desagradáveis. 

A minha experiência pessoal sugere, que a melhor forma de lidar com esta situação é, num primeiro nível, aprender a controlar a ansiedade e num segundo nível, treinar estratégias de resolução de problemas, antecipando eventuais contextos desfavoráveis e planeando soluções para os mesmos.

Nivel 1:
- Identificar os sintomas de ansiedade (ritmo cardíaco acelerado, transpiração, mãos a tremer, vontade de roer as unhas, comichão na cabeça, frio ou calor injustificado, etc.). Sempre que tal acontece, usar uma técnica de relaxamento conhecida. (Comigo resulta inspirar profunda e lentamente, contando mentalmente até 4 e depois expirar lentamente, contando outra vez até 4 mentalmente. Repetir a operação até começar a sentir o efeito calmante da respiração. Focar o pensamento na ideia de "capacidade" também ajuda  - vai correr bem, ou eu consigo, eu sou capaz...)

- Tentar manter o sentido de humor relativamente à condição de saúde. Por mais que isso custe, às vezes, é necessário aprendermos a rir de nós próprios, ou da situação em que estamos. Se não o fizermos teremos a sensação que tudo se torna pior.


Nível 2:
- Antes da actividade pretendemos realizar, tentar fazer refeições leves, com alimentos que se conheça serem bem tolerados, pois as possibilidades de ter um episódio de urgência vão diminuir.
- Devemos levar sempre connosco lenços de papel, ou se possível, toalhetes de limpeza que permitam desenrascar em situação de necessidade.

- Levar uma caixa de fósforos pode ser muito útil, sobretudo quando usamos casas de banho em casa de amigos, ou onde outras pessoas irão. Se fizermos arder um pau de fósforo durante um "episódio mais mal cheiroso", deitando em seguida na sanita o pau de fosforo ardido, conseguimos controlar o mau odor tornando a situação mais privada.

- Procurar saber onde ficam as casas de banho nos locais onde vamos estar, identificando as que são menos procuradas para a eventualidade de termos que recorrer a uma com urgência.
- Ter um plano de fuga, que inclui, escolher sentar-se num local de fácil acesso à saída (ponta da fila do cinema, perto da porta, na ponta da mesa); levar o próprio carro, ou garantir transporte urgente, quando saímos com amigos, pois tal permite sair em caso de necessidade (é sempre útil ter no carro papel, água, sacos de plástico e uma toalha).  

- Ter sempre connosco um casaco ou uma sweatshirt para poder colocar à cintura em caso de acidente, permitindo assim, resolver a situação sem que a mesma seja notada por toda a gente.

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